domingo, novembro 2, 2025
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A estrela do rali Kalle Rovanperä na Fórmula: o que dizem as estrelas da F1

A mudança da estrela do WRC Kalle Rovanperä para a Fórmula é tema de acaloradas discussões — até mesmo os pilotos de Fórmula 1 acompanharão de perto essa transição

O facto de o bicampeão mundial de ralis Kalle Rovanperä estar a deixar o Campeonato Mundial de Ralis (WRC) — por enquanto — para se dedicar a tempo inteiro à carreira no automobilismo de pista também está a causar sensação no paddock da Fórmula 1. O finlandês de apenas 25 anos é considerado um talento excepcional, mas a mudança do terreno solto para o carro de Fórmula 1 é um passo enorme.

Esteban Ocon, ele próprio um admirador do finlandês, compreende a mudança, mas vê um enorme obstáculo à frente de Rovanperä.

«Em primeiro lugar, acho fantástico. Vai ser uma história que vou acompanhar de perto», diz o piloto da Haas. «Já o acompanhava quando ele participou em algumas corridas da Porsche Cup. Se eu fosse ele, tivesse ganho dois títulos do WRC, fosse tão jovem e tivesse o apoio da Toyota, definitivamente iria querer experimentar algo diferente.»

Mudança associada a obstáculos

Mas Ocon alerta para a dificuldade da tarefa: «Acho que o Kalle vai ter uma tarefa muito mais difícil de aprender, porque é um desporto completamente diferente.»

Embora Rovanperä já tenha muita experiência em corridas automobilísticas, graças à sua participação em campeonatos de drift e trackdays, o desporto de fórmula é um mundo à parte. «Ele terá de aprender de novo como as coisas funcionam para poder ter um bom desempenho imediatamente. Mesmo com toda a experiência de condução do mundo, é preciso adaptar-se a estas coisas», salienta Ocon.

A escolha de Rovanperä para a série de estreia impõe respeito ao francês. O finlandês deverá estrear-se em 2025 na Super Fórmula japonesa, um dos campeonatos de Fórmula mais competitivos do mundo.

Estes são os obstáculos

«Vai ser interessante acompanhar isso, especialmente porque ele está a começar num dos campeonatos mais difíceis», analisa Ocon. «Não estou a dizer que a Fórmula 2 é mais fácil, mas quando se chega lá [ao Japão], todos esses rapazes já correm há anos. São profissionais nas pistas japonesas e com uma filosofia diferente.»

Ocon também levanta obstáculos práticos: «Não creio que normalmente todos os engenheiros falem inglês e assim por diante. Por isso, vai ser bastante interessante acompanhar.»

Mas e o contrário?
Os pilotos de Fórmula 1 que mudam para o rali são mais comuns — Kimi Räikkönen, Robert Kubica ou Heikki Kovalainen são exemplos proeminentes. O próprio Ocon testou carros de rali e vê a diferença fundamental na abordagem mental.
Diferença: Fórmula vs. Rali

«Acho que, para nós, pilotos de circuito, é mais uma questão de consistência. O aspeto da memória é uma diferença enorme», explica Ocon. «Fiz um dia de rali há um ou dois anos. Não fiz o reconhecimento, mas já foi difícil o suficiente refazer a mesma prova e memorizar tudo, como eles fazem.»

«Para eles, memorizar é mais importante do que a configuração do carro ou que tudo pareça estar bem. Essa é a maior diferença», afirma Ocon. «Assim que chegam ao circuito, é mais uma questão de detalhes, mais uma questão de sensação, mais uma questão de otimizar o carro e menos uma questão de memória.»

A conclusão do piloto da Alpine: «Vimos pilotos de circuito que eram rápidos [em carros de rali], mas que muitas vezes se despistavam. Por outro lado, Sebastien Ogier também teve um bom desempenho no carro LMP2. Vai ser uma história interessante, vou acompanhá-la.»

Alonso conhece mudanças

Alguém que fez a mudança em quase todas as disciplinas é Fernando Alonso. O espanhol correu em Le Mans, na Indy 500 e no Rally Dakar. Ele também está «curioso para ver como se sai».

«Ele é um piloto incrivelmente talentoso, que definitivamente enfrentará alguns desafios», diz o piloto da Aston Martin sobre Rovanperä. «É mais raro ver pessoas seguirem esse caminho, do rali para a Fórmula 1, do que o contrário. Portanto, será um bom teste.»

No entanto, Alonso acredita que a Toyota irá preparar Rovanperä meticulosamente: «Não será a primeira vez que ele vai pilotar na Super Fórmula. Acho que ele vai passar muitos dias no simulador e se preparar em séries de juniores antes de realmente fazer a sua primeira corrida na Super Fórmula.»

Estas são as diferenças

Quando o próprio Alonso mudou de disciplina, teve de adquirir competências específicas em cada uma delas. A maior mudança? «O mais difícil foi o rali», admite o bicampeão mundial de Fórmula 1, que competia na modalidade de cross-country.

«Mas as corridas de longa distância também eram diferentes e as corridas em ovais eram extremamente diferentes. No rali, você joga o tempo todo com os dois pés, o travão e o acelerador», explica ele. «Os limites do carro e o que você pode fazer são chocantemente diferentes.»

Alonso vê uma diferença decisiva no processo de aprendizagem: «Tive sorte naquela altura, porque após os primeiros testes pude acompanhar Giniel de Villiers ou Nasser [Al-Attiyah] como copiloto e descobrir um novo mundo de limites. Eles mostraram-me como conduzir o carro, porque eu estava muito abaixo desse limite quando conduzia sozinho.»

«Na Fórmula, não se tem essa «abordagem de treinador», em que se pode acompanhar outro piloto e ver o que um carro de Super Fórmula é capaz de fazer. Isso é um pouco mais complicado», diz Alonso. «Por outro lado, as equipas de Fórmula têm muitos dados. No rali ou no Dakar, esses dados não existem.»

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